Figura 2: O Espírito de Deus pairando sobre as águas. Ilustração de Wenceslaus Hollar


O movimento do Espírito, ou vento, de Deus indica que algo novo e significativo está prestes a acontecer e estabelece uma expectativa para algo maior que está por vir. Pode ser entendido como a força que move e transforma durante o ato de Deus.

Esta perspectiva é reforçada posteriormente em outras partes da Bíblia, muitas delas também num ambiente de águas como, por exemplo, o vento (Ruach) enviado por Deus para dividir as águas do Mar Vermelho (Ex 14:21).



Semelhantemente, no Novo Testamento, o vento forte que encheu a todos do Espírito Santo no dia de Pentecostes, indicando o começo do ministério dos apóstolos e a fundação da igreja de Cristo (At 2), também remete à ação inovadora de Deus. Assim também a figura do Espírito pairando as águas do rio Jordão, até descer como uma pomba sobre Jesus, quando este se batizava, anunciando a todos que Ele era o filho de Deus e aquele foi o início de seu ministério e do anúncio das boas novas.


A intervenção divina que traz ordem e propósito a partir de uma circunstância improvável ou de um ambiente inóspito e vazio é enfatizada no texto do Gênesis. Da mesma forma que durante a criação, a concepção de Jesus é descrita como um milagre onde o Espírito de Deus intervém em um ventre virgem, ou vazio (Lucas 1:34-35). Em ambos os casos, o Espírito de Deus é o agente da ação criativa de Deus. As águas caóticas representam a ausência de ordem e vida, enquanto o ventre de Maria, antes da concepção, representa a ausência de atividade geradora de vida.